O CRID foi convidado para ajudar a tornar inclusiva a peça de teatro Pedro e Inês – Uma história de amor, em parceria com o Centro de Educação Especial, Reabilitação e Integração de Alcobaça (CEERIA), o Instituto Nacional para a Reabilitação, a Câmara Municipal de Leiria e a Associação de Amigos de D. Pedro e D. Inês. A apresentação decorreu no Claustro do Museu de Leiria no passado dia 29 de maio.
Esta foi a primeira vez a nível nacional que uma peça de teatro teve um guião multiformato, que foi concebido pelo CRID e incluiu Pictogramas e Escrita Acessível, bem como Braille e Letra Aumentada. Durante o espetáculo, estiveram presentes intérpretes de Língua Gestual Portuguesa, bem como uma audiodescritora que foi ouvida através de auriculares distribuidos à entrada.
É importante salientar que a adaptação de espetáculos não se destina apenas a pessoas com deficiência. A população portuguesa atual está bastante envelhecida, o que quer dizer que há dificuldades inerentes ao aumento da idade, como por exemplo as dificuldades de visão. Para além disso, muitos dos idosos de hoje não frequentaram a escola, tendo dificuldades de interpretação. E é fácil encontrar outros exemplos de grupos beneficiados com estas adaptações, tais como as crianças pequenas ou os estrangeiros que não conhecem a língua portuguesa.
O elenco do espetáculo era formado maioritariamente por pessoas com incapacidade inteletual pertencentes ao CEERIA, o que ajudou a desmistificar a ideia de que os produtos culturais são criados apenas “por e para” pessoas sem qualquer tipo de incapacidade física ou inteletual.
Porém, no debate que sucedeu a apresentação, os intervenientes defenderam que os produtores culturais raramente pensam na acessibilidade. É preciso, por essa razão, incutir a ideia de que, apesar de a adaptação encarecer em cerca de 10 por cento os espetáculos, vai ser vantajoso para os mesmos.
A explicação assenta no raciocínio de que muitas pessoas com deficiência ou com baixa literacia não frequentam de forma ativa a vida cultural porque não conseguem ter acesso aos produtos que gostariam. Desta forma, se houvesse mais oferta inclusiva, aumentaria o número de espetadores e, consequentemente, as receitas monetárias.
Esta peça de teatro foi, portanto, um passo no longo caminho que ainda falta percorrer para uma sociedade inclusiva.